A Relação fraternal em famílias com filhos com sintomatologia de transtorno depressivo

Resumo

A relação fraternal é uma das relações sociais mais longas e íntimas de um indivíduo. Dentre as variáveis que influenciam a qualidade da relação fraternal tem-se a condição de saúde mental dos irmãos, por exemplo, a presença de sintomas depressivos. Este estudo teve como objetivo descrever a qualidade da relação fraternal em famílias com filhos adolescentes com sintomas de Transtorno Depressivo (TD). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Parecer n. 4.231.431). Participaram cinco famílias compostas por pai, mãe e ao menos dois filhos, tendo um deles a idade entre 11 a 17 anos e sintomatologia de TD. A diferença máxima de idade entre os irmãos foi de seis anos. As famílias residiam em uma cidade de médio porte do interior de Minas Gerais. A coleta de dados foi realizada em setembro de 2020 e incluiu a aplicação do Questionário Sociodemográfico, do Questionário de Relações Fraternais e do Questionário sobre a Rede de Apoio dos Irmãos. Os participantes responderam aos instrumentos individualmente. Os instrumentos foram analisados utilizando estatística descritiva, através do software Stata 12.0. A relação fraternal foi caracterizada como apresentando baixa tendência à Amorosidade/Proximidade, com destaque para o baixo nível de Intimidade, Companheirismo e Similaridade pela díade fraternal. Contudo, o nível de Conflito na relação também é baixo e há sinais de Afeição/Carinho. Os irmãos sem sintomas depressivos apresentam conhecimento do tratamento do irmão com sintomas depressivos e demonstram preocupação com a sua saúde e os seus comportamentos. A maior parte dos irmãos participantes contam com rede de apoio social. Considerando que a relação fraternal é a relação que tende a ser a mais duradoura no curso de vida do indivíduo, este dado revela a importância de atenção e cuidado para com essa população.